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A Relação Intrínseca entre Apneia do Sono e Depressão 

A Relação Intrínseca entre Apneia do Sono e Depressão 

 

*Por Alexandre Annibale 

 

A conexão entre apneia obstrutiva do sono (AOS) e depressão tem sido amplamente reconhecida pela comunidade médica. Estudos revelam que pacientes diagnosticados com apneia do sono apresentam uma maior prevalência de sintomas depressivos em comparação à população geral. Essa relação é considerada bidirecional: enquanto a apneia pode desencadear ou agravar sintomas de depressão, estados depressivos podem intensificar a apneia, criando um ciclo vicioso de saúde debilitada. 

 

A apneia do sono é caracterizada por interrupções recorrentes da respiração durante o sono, levando a despertares noturnos e a uma fragmentação significativa do descanso. Com o tempo, essa privação de sono afeta diretamente o equilíbrio psicológico e emocional do paciente. A falta de sono de qualidade pode resultar em fadiga constante, irritabilidade, lapsos cognitivos e, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo. Além disso, a hipoxemia intermitente – a redução dos níveis de oxigênio no sangue devido às pausas na respiração – provoca mudanças neuroquímicas no cérebro, incluindo uma diminuição da serotonina, o neurotransmissor essencial para a regulação do humor. 

 

Esse esgotamento emocional e físico impacta o cotidiano de quem sofre da condição, interferindo tanto na saúde mental quanto nas atividades diárias. Pacientes que enfrentam ambos os distúrbios frequentemente relatam uma piora na qualidade de vida, com efeitos como perda de interesse por atividades antes prazerosas, sensação constante de exaustão e a incapacidade de encontrar prazer nas interações sociais e no trabalho. 

 

Vale ressaltar que, embora o tratamento da apneia do sono possa contribuir para a melhora dos sintomas depressivos, a depressão deve ser abordada diretamente por profissionais habilitados, como psicólogos e psiquiatras. Em casos onde os dois distúrbios coexistem, uma abordagem multidisciplinar é altamente recomendada, e na medicina do sono essa prática é frequente. Normalmente, o tratamento envolve a colaboração entre médicos especialistas em sono e profissionais da saúde mental, promovendo um cuidado integral que atenda tanto à saúde física quanto psicológica dos pacientes. 

 

Entre as opções terapêuticas para apneia do sono estão o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), o aparelho de avanço mandibular, perda de peso, mudança de hábitos, a fonoaudiologia e a terapia posicional, entre outros. Cada uma dessas abordagens, quando bem indicada, contribui para a melhora da qualidade do sono e, consequentemente, da saúde mental. 

 

A relação entre apneia do sono e depressão reforça a importância de um diagnóstico precoce e da adoção de um tratamento eficiente e multidisciplinar. Quando não tratada, a apneia pode ter efeitos devastadores não só no bem-estar físico, mas também na saúde mental dos pacientes. Essa combinação de tratamentos pode interromper o ciclo negativo entre apneia e depressão, permitindo que os pacientes voltem a desfrutar de uma vida equilibrada e saudável. 

 

*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP. 

 

Av. Rebouças, 411 (Jardim Paulista), São Paulo, SP 

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