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O Impacto do Sono na Saúde Sexual

O Impacto do Sono na Saúde Sexual

*Por Alexandre Annibale

 

O sono é um dos pilares fundamentais para a saúde humana, desempenhando um papel crítico em várias funções biológicas, inclusive na saúde sexual. A interseção entre o sono e a sexualidade é um campo de estudo que tem ganhado cada vez mais atenção, especialmente à medida que mais pesquisas revelam como a qualidade do sono afeta diretamente a função sexual, particularmente em homens.

 

A Disfunção Erétil (DE), que se torna mais prevalente a partir dos 40 anos, é uma condição que pode ser agravada ou até mesmo precipitada por distúrbios do sono. Um dos exemplos mais impactantes dessa relação é a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Essa condição, caracterizada por interrupções na respiração durante o sono, tem um impacto direto na produção de testosterona, que é crucial para a manutenção de uma vida sexual saudável. Além disso, a AOS pode causar neuropatia periférica, disfunção endotelial e alterações nos reflexos do corpo cavernoso, todos fatores que contribuem significativamente para a DE.

 

A prevalência de DE entre os homens que sofrem de AOS é alarmante, com estudos indicando que entre 47% e 80% dos pacientes com AOS apresentam algum grau de DE. A fisiologia por trás dessa ligação é complexa, envolvendo não apenas a redução da testosterona, mas também a privação de oxigênio durante os episódios de apneia, que pode danificar os vasos sanguíneos e os nervos necessários para uma ereção saudável. Além disso, o sono fragmentado e de baixa qualidade pode levar ao aumento dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que também tem um efeito negativo na função sexual.

 

A privação de sono é outro fator que afeta negativamente a saúde sexual. Estudos com diferentes populações, incluindo jovens adultos, têm demonstrado que a falta de sono suficiente está associada a uma redução no desejo sexual e a um aumento na prevalência de DE. Um estudo recente conduzido com 381 estudantes universitários peruanos, com idade média de 23 anos, revelou que aqueles que dormiam menos do que o necessário apresentavam uma prevalência maior de DE em comparação com aqueles que tinham uma quantidade de sono adequada. Esses resultados sugerem que não afeta apenas os homens mais velhos, mas também pode ter consequências significativas para os jovens.

 

A privação de sono crônica pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo a DE. Quando uma pessoa não dorme o suficiente, há uma diminuição na produção de hormônios como a testosterona, além de uma piora na qualidade do sono, que por sua vez, afeta o humor e a saúde mental. Isso cria um ciclo vicioso, levando a problemas sexuais, que causam mais estresse e, consequentemente, pioram ainda mais o sono.

 

Além disso, pode impactar o bem-estar psicológico e a capacidade de resposta sexual. A falta de sono adequado pode levar a níveis elevados de estresse, diminuição do desejo sexual e dificuldades em manter uma ereção. Este cenário não só compromete a saúde sexual, mas também afeta a qualidade de vida como um todo.

 

*Alexandre Annibale é cirurgião dentista, especialista em ortodontia, capacitado em odontologia do sono e doutorando pelo laboratório do sono do InCor, da Faculdade de Medicina da USP.

Rua Estados Unidos 628 (Jardim Paulista), São Paulo, SP

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